8.03.2006

Gelo

O dia amanheceu gelo, as paredes são gelo, os móveis gelo, o ar gelo.
No quarto a janela aberta, a cortina congelada, o frio que entra nas minhas pernas, meus braços meu sangue, congelando.
À cama de gelo meu corpo mimético, onde acaba a minha pele, onde eu sou o lençol?
Um livro caido no chão quebrou, cubo de gelo.
Sozinha sou gelo, sou a parede gélida, sou o criado. Muda. Sou os cacos do livro.
A solidão do ar rarefeito dói, única molécula do quarteirão.
Pela janela, ninguém entra. Somente o gelo, eu.

Quando você volta?

Nenhum comentário: