1.30.2006

Trocando os pés pelas Mãos

Acordei. Levei meus pés até meu rosto, como assim? Meu pé prolongamento de meu antebraço? Fechei os olhos, fiz que dormi, fiz que acordei. Não acreditava ainda estavam lá, meus pés ainda estavam lá. Não queria levantar o lençol, não queria ver. Será que teria agora quatro pés? Levantei.

Aflição.Aflita. Como seria? Como andaria? Como comeria? Como viveria?

Levantei o lençol que foi aos poucos mostrando.
Por quê meu deus? Por quê?

Minhas mãos.

Pensei. Meu deus por que?

Dormi. Acordei. Dormi. Acordei. Acordei. Dormi. Dormi. Dormi. Dormi. Sonhei. Pulei. Pulei um susto na minha cama.

O fotógrafo! Só podia ser ele. Crueldade. Mostro. Porco. Por deus só podia ser ele!

Lembrei de quando ele disse tudo aquilo, aquela fixação pelos meus pés. Por todos os pés. Lembro que o ofendi, mas também aquela insistência com meus pés, o que era aquilo? Já estava achando que ele deveria ser um tarado de pés. Pedólatra ele dizia que não era. Mas era. E era. Como era.

Presa. Acorrentada sem correntes, pés trocados com minhas mãos. Isso não poderia ficar assim. Tudo tem que ter um fim. E o meu não seria presa aquela cama.

Ensaiei os primeiros passos, uma mão, depois a outra. O chão parecia mais frio hoje, mais duro e mais áspero. Não era tão impossível como eu havia imaginado. Minhas mãos faziam tudo que meus pés podiam fazer, precisava me apoiar pelas paredes é claro. Uma pequena dor nas as, mas isso só até me acostumar.

Acrobacias. Vesti minha roupa. Pés imprestáveis. Segurem a escova. Não me ouvem!? Já basta!

Sai de casa. Atravessei a rua. O piche era como brasa para meus pés. Lá estava ele com uma de suas modelos. Rostinhos bonitos que concordavam com tudo que ele dizia. Claro. Não entediam nada. Aquele olhar de desprezo que ele olhava para elas, nem isso elas percebiam. Não admitiria que me olhassem assim.

Como doiam minhas costas.

Espanto.

Saia daqui! Agora! Trovejou o mostro. Rostinho bonito pegou suas coisas e sumiu. Agora eramos só ele e eu. Se pudesse o sufocaria, imprestáveis.

Então começou a gargalhar. Mas e mais alto. Como um porco suava e como um louco gargalhava. Tremia. Babava.

Dores nas costas. Quase me arrastei para chegar até a escrivaninha, queria matar o porco. Tesoura. Imprestáveis, segurem essa tesoura! E ele ria. E eu o fuzilava com meu olhar.

Me segurou pelos braços, beijou meus pés. Senti medo. Depois torpor.

Caida no chão. Imprestáveis se negavam a matar. Dores nas costas. Precisava deitar. Tinha que me ajoelhar para pegar a tesoura caida chão. O porco não parava de me beijar eu queria gritar, queria chorar. Deitada no chão, dores nas costas não aguentava mais. Fechei os olhos, não queria sentir o monstro e seu suor em meu rosto nos meus pés seus beijos.

Explosão. Não me contive. Gritei. Pés imprestáveis como podiam. Me rendi.

Amei. Dormi. Acordei. Sonhei. Amei.

Tapete. Tesoura. Monstro. Pés nos pés. Mãos nas mãos. Não podia acreditar tudo voltou ao lugar.

Ele acordou agora me fuzilava com seu olhar de desprezo.

Pés imprestáveis, por que voltaram para seu lugar?

1.26.2006

Rapidinha que ficou grande demais

Terça-feira pré feriado de aniversário da cidade. Nada para fazer durante a noite. Ligo a TV no TeleCine "qualquer coisa". Estrelando: Alien x Predador. Tchanamm! uma idéia original, indo contra meu último post sobre como é dificil encontrar algo original no mundo de hoje, digo isso por que peloamordedeus quem poderia pensar em juntar o Alien e o Predador num filme. Ao invés de mudar de canal decidi pagar para ver (na verdade não pago nada por que a TV é a gato). Nos 15 minutos do primeiro tempo estava torcendo para o Alien, afinal o Predador queria destruir o Schwarzenegger e o cara é do bem, foi até eleito governador dos USA o cara tem que ser gente boa. Também me liguei que seria seguro ficar até o fim do filme ao lado da mocinha de vermelho por que ela além de muito gata era mais corajosa que o bando de marmanjos que estava com ela.
Pausa para fazer pipoca: Devo ter perdido partes "importantíssimas" do filme.
Pausa para reclamação: Que falta faz um comercial no meio do filme para podermos fazer pipoca. Algum assinante poderia fazer essa reclamação para mim?
Segundo tempo, aí que o enredo se desenrola ou se enrola (interessantíssimo!?), aprendi com o filme que o Sr. Predador Guerreiro veio para o mundo há muitos anos e que ele ajudou nossas civilizações a se desenvolverem, como troca sacrificávamos alguns humanos afim de que os Aliens se procriassem e eles (os Predadores) destruiam os Aliens para provar que eram bons de briga (!?!?). Em resumo os Predadores são os mocinhos, e os Aliens os malvados e eu estava torcendo para o lado errado no começo, quando percebi o erro que cometi mudei minhas fichas para o Predador e agitei a torcida PREDADOR PREDADOR !!!. No final a mocinha ganhou. E o Predador morreu tentando nos salvar.

O que me fez pensar:
Predador = ser bonzinho salvando o mundo
Predador luta contra o Schwarzenegger
Schwarzenegger = estava lutando pelos americanos no outro filme
Quem é o vilão afinal?

Diferente mAs iguaL

De uns tempos para cá tenho percebido como as coisas se repetem, quando ando pela rua o rosto da maioria das pessoas me parece familiar, sempre me lembram alguém que eu já encontrei em algum lugar, e olha que eu não vivo numa pequena cidade onde todos se conhecem e as pessoas me conhecem também. Vivo numa das maiores cidades do mundo e mesmo assim todos me lembram alguém. Tudo bem que basta conhecer o rosto de um coreano para conhecer todos os outros, o Brasil é o país das misturas, do encontro de raças, da miscigenação, para mim o esperado seria ter mais resultados diferentes para todas estas equações onde se somam índios, com árabes, negros, italianos etc. Mas mesmo num lugar como esse parece que a criatividade acaba, sempre sai o sorriso de um no rosto de outro. As mãos do pianista nos braços do médico. Os pés do velocista nas pernas do gari, todos em todos. E um pouco de mim só em mim.
Também percebo isso ocorrendo em filmes, livros, novelas (essas sim não têm originalidade nenhuma), nas notícias de guerra, nos países que afundam, nos países que emergem, nas brincadeiras de povos distintos, nos seus ritos, nos seus atos, neste caso todos têm a mesma origem: necessidade.
Vejo agora com mais clareza o porquê de estudar história e antigas civilizações (que nem precisam ser tão antigas assim). Hoje percebo o que muitos com certeza já perceberam antes, que se pode sim prever nosso futuro com base em fatos do passado, pois tudo têm uma leve tendência a se repetir em pequenas ou grandes proporções. Será que vamos desaparecer?
O mais engraçado é que a maioria das coisas parecem sempre coindicir com alguma coisa que antecede a tudo isso. Nós seres humanos temos, nem que seja uma parte infinitesimal, algo de semelhante a qualquer outro ser vivo sobre a terra, o que mostra que todos viemos do um, do primeiro, do original. Livros são o melhor exemplo disso, basta ler alguns clássicos e pronto, você lê pedaços dele em todos os outros, a idéia original veio de um único pensamento, mas não necessariamente de uma única pessoa, pois já foi comprovado que as mesmas idéias surgem em grupos diferentes, em épocas diferentes ou até mesmo no mesmo instante, provando mais uma vez como os seres humanos são iguais e vêm o mundo de uma maneira peculiar à todos.
Não sei se eu estou velha e já não consigo pensar com clareza e ver novidade no filme em cartaz, ou no novo livro que foi publicado. Será que a criatividade foi extinta? Será algum dia será? Mas sei que fica cada vez mais dificil fazer alguma coisa que ninguém tenha feito antes.

E olha que a minha idéia era muito boa...mas acho que não vou ganhar dinheiro nenhum com ela.

1.12.2006

Meu feliz aniversário para mim

Nada melhor que um dia ensolarado de presente J

Breve
E vai ficando cada vez mais breve
Um dia já podemos carregá-la em uma mochila
Em uma cápsula
De repende podemos colocá-la em um instante
No momento feliz que resume tudo
Explica tudo

Minha vida num barco de papel !