8.12.2006

Versos que não sei onde querem chegar

Junto os cacos pela sala
Desesperada recolho alguns pedaços
Na esperança de que não se quebrem mais
Tudo é vão

Pois eles teimam em cair das minhas mãos
Quebrando vão se tornando outros mil
Estou por todos os cantos agora
No tapete, na mesa, em baixo do sofá

Desintegrada
Não me reconheço

8.03.2006

Gelo

O dia amanheceu gelo, as paredes são gelo, os móveis gelo, o ar gelo.
No quarto a janela aberta, a cortina congelada, o frio que entra nas minhas pernas, meus braços meu sangue, congelando.
À cama de gelo meu corpo mimético, onde acaba a minha pele, onde eu sou o lençol?
Um livro caido no chão quebrou, cubo de gelo.
Sozinha sou gelo, sou a parede gélida, sou o criado. Muda. Sou os cacos do livro.
A solidão do ar rarefeito dói, única molécula do quarteirão.
Pela janela, ninguém entra. Somente o gelo, eu.

Quando você volta?